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Archive for junho \29\+00:00 2010

Porque o MPA é contra os agrotóxicos e lançou  a campanha nacional em defesa da vida?

O Movimento dos Pequenos Agricultores, nesses 14 anos de existência, tem defendido como princípio a vida de qualidade para os camponeses e camponesas, e para toda a sociedade brasileira a partir do respeito à natureza e da preservação ambiental.

O uso intensivo de agrotóxicos tem levado à contaminação do solo, da água, do ar e dos alimentos, causando profundos desequilíbrios nos ecossistemas, e prejudicando a  saúde  humana. Crescem a cada dia registros de intoxicações e mortes ligadas ao uso dos agrovenenos, que freqüentemente afetam trabalhadores agrícolas, a população camponesa e urbana, que consomem alimentos com resíduos de agrotóxicos.

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo dados do Sindicato Nacional para Produtos de Defesa Agrícola (Sindage), em 2008 o nosso país ultrapassou a marca dos 700 milhões de litros de agrotóxicos legalmente comercializados.  Em 2009, esse número subiu para 1 bilhão.

Ainda na safra de 2008/2009, foram vendidos 7,125 bilhões de  dólares  em  agrotóxicos.

O uso dos agrovenenos no Brasil é tão intenso que, fazendo uma distribuição da quantidade de veneno utilizado no ano de 2009 por habitante no país, chegamos a conclusão de que cada um de nós consumiu uma média de 5,2 kg de agrotóxicos ao longo do ano.

A política agrícola do país e uso de agrotóxicos

O uso dos agrotóxicos/agrovenenos no Brasil e no mundo começou a ser intensificado a partir das décadas de 60 e 70, com a chamada revolução verde. A revolução verde foi um processo de mudança da política agrícola e tecnológica  no país implementado a partir da segunda guerra mundial. Com um falso discurso de modernização do campo, esse processo incentivou e impôs a prática de monocultivos, o uso de sementes híbridas e geneticamente modificadas, a forte mecanização pesada do campo e o uso dos pacotes agroquímicos (adubos e venenos). Atualmente, o Brasil possui mais de 400 tipos de agrotóxicos registrados(inseticidas, fungicidas, herbicidas).

Quase toda a tecnologia que surgiu na revolução verde, desde as máquinas aos agrotóxicos, foi proveniente de equipamentos e produtos químicos  utilizados na guerra.

A produção e a comercialização dos agrovenenos no Brasil e no mundo se concentra na mão de seis grandes empresas transnacionais, que controlam mais de 80% do mercado de venenos. São elas: Monsanto, Syngenta, Bayer, Dupont, DowAgroscience e Basf.

Além de controlar a fabricação dos agrotóxicos, essas empresas também controlam a produção e comercialização de sementes e medicamentos, cria um ciclo vicioso de consumo para gerar lucro, onde a saúde do povo não é importante, quanto mais veneno, mais doenças, mais remédios e, portanto, mais LUCRO.

Desse modo, os agricultores que passam a utilizar esse pacote tecnológico (sementes transgênicas, adubos e venenos) serão sempre dependentes dessas empresas.

Mais agrotóxicos, menos alimentos

No Brasil, enquanto aumentam os índices de produtividade agrícola, contraditoriamente, permanecem  altos os índices de insegurança alimentar.

Segundo dados do IBGE, 35% da população encontra-se em situação de insegurança alimentar.  Isso acontece porque o modelo de agricultura brasileiro não está voltado para a produção de alimentos, e sim para o agronegócio, para o lucro. Cada vez mais aumentam no Brasil os monocultivos de cana, soja, fumo e eucalipto,  mas nenhum desses produtos vai para a mesa do povo brasileiro. Quanto maior o uso de venenos e de sementes transgênicas, menor a produção de alimentos.  E a insegurança alimentar não é maior  porque a agricultura Camponesa continua resistindo e produzindo 70% dos alimentos diversificados do país, mesmo com pouquíssimos recursos,  pouca terra,  insuficiente apoio técnico e precário incentivo por parte do estado brasileiro, como ficou comprovado na última pesquisa do censo agropecuário.

As culturas que mais utilizam agrotóxicos no país são justamente aquelas produzidas no modelo do agronegócio, cultivadas em grandes áreas de monocultivo e voltadas para a exportação, como é o caso da soja, que é responsável por 51% do volume total de agrotóxicos comercializados no país.

Lutar pelo fim do uso dos agrotóxicos significa defender a vida, o meio ambiente e os seres humanos.  Essa proposta está articulada com a necessidade de uma nova dinâmica de produção para o campo brasileiro: a agricultura camponesa baseada na agroecologia.

A Agricultura Camponesa  preserva os recursos naturais, resgata as práticas camponesas de cultivo, e está comprometido com o bem estar de quem produz e de quem consome o alimento.  Por isso, o MPA tem como proposta de vida para o povo brasileiro o Plano Camponês baseado na produção de alimentos saudáveis a partir da prática agroecologica, combinados à manutenção e a recuperação dos serviços ambientais, a geração de postos de trabalho e a ocupação popular dos territórios, fazendo a distribuição das terras dos latifúndios e das terras improdutivas através da Reforma Agrária.

Para acabarmos com o uso de agrotóxicos no campo precisamos articular e lutar pelo fim do agronegócio, do latifúndio e dos monocultivos, em defesa de um novo modelo de desenvolvimento no campo, o Plano Camponês e um Projeto Popular para toda a sociedade, para  o Brasil.

Direção Nacional do MPA

MPA – 14 anos de luta e afirmação camponesa.

Organizando os camponeses

Produzindo alimento saudável

Alimentando a nação.

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Matéria publicada no Portal Ecodebate, em 18 de maio de 2010

Para ler a matéria no site Ecodebate clique Aqui

Exposição a agrotóxicos organofosforados pode contribuir para o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

[Por Henrique Cortez, do Ecodebate]

Uma equipe de cientistas da Universidade de Montreal e da Universidade de Harvard descobriram que a exposição a agrotóxicos organofosforados está associada ao aumento do risco de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças.

Publicado na revista Pediatrics, a pesquisa [Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder and Urinary Metabolites of Organophosphate Pesticides] descobriu uma ligação entre a exposição a pesticidas e a presença de sintomas de TDAH. O estudo foi realizado com 1139 crianças, de acordo com uma amostra da da população geral dos EUA, e mediu os níveis de pesticidas em sua urina. Os autores concluiram que a exposição a pesticidas organofosforados, em níveis comumente encontrados em crianças nos EUA, pode contribuir para o diagnóstico de TDAH.

“Estudos anteriores mostraram que a exposição a alguns compostos organofosforados causar hiperatividade e déficit cognitivo em animais”, diz o autor Maryse F. Bouchard, da Universidade de Montreal, Departamento de Meio Ambiente e Saúde do Trabalho no Sainte-Justine Hospital Research Center. “Nosso estudo encontrou que a exposição a organofosforados no desenvolvimento de crianças pode ter efeitos sobre os sistemas neurais e pode contribuir para comportamentos tipicamente diagnosticados em TDAH, tais como desatenção, hiperatividade e impulsividade.”

O estudo foi financiado pelo Canadian Institutes for Health Research e pelo National Institute of Environmental Health Sciences (EUA).

O estudo “Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder and Urinary Metabolites of Organophosphate Pesticides,” publicado na revista Pediatrics, foi elaborado por Maryse F. Bouchard, University of Montreal and Harvard University e por David C. Bellinger, Robert O. Wright, and Marc G. Weisskopf da Harvard University.

O artigo está disponível para acesso integral e gratuíto. Para acessar o artigo, no formato PDF, clique aqui.

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Matéria publicada no site do jornal O Estado de São Paulo, em 12 de junho de 2010

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Anvisa interdita 500 mil litros de agrotóxicos irregulares da Dow

Produtos tinham datas de fabricação e validade adulteradas e rotulagem inadequada; multa pode chegar a R$ 1,5 milhão

Andrea Vialli – O Estado de S.Paulo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou mais de 500 mil litros de agrotóxicos irregulares nas fábricas da empresa americana Dow AgroSciences em Franco da Rocha e Jacareí (SP). Inadequações em relação às normas de produção e prazo de validade dos agrotóxicos motivaram a ação.

O caso mais problemático foi do herbicida Tordon, utilizado no cultivo de arroz. A Anvisa constatou que o químico não possuía controle de impureza e sua rotulagem induzia os agricultores ao erro quanto ao seu nível de toxicidade. Além disso, embalagens de 50 litros do agrotóxico estavam vazando, colocando em risco os agricultores que manuseiam o produto.

As irregularidades foram constatadas durante a fiscalização feita nesta semana nas duas fábricas da empresa em São Paulo.

A Anvisa também interditou cerca de 15 mil quilos do agrotóxico Mancozeb 80%NT, que estava sem identificação de lote ou de fabricação. Também foram interditados os produtos 2,4-D técnico, Aminopiralid Técnico e Versene. Nesses casos, os produtos estavam com datas de fabricação e de validade adulteradas. “São irregularidades que não podem ocorrer, pois estamos falando de venenos”, afirma Dirceu Barbano, presidente em exercício da Anvisa.

A empresa recebeu cinco autos de infração e terá 90 dias para regularizar a situação. Pode ser multada em até R$ 1,5 milhão.

Em nota, a Dow afirma que “vem trabalhando para esclarecer eventuais aspectos técnicos levantados pela Anvisa” e minimiza os impactos das irregularidades à saúde e ao ambiente. “Os pontos discutidos não comprometem de forma alguma a segurança de nossos colaboradores e usuários nem a efetividade dos produtos. Tampouco acarretam fatores de risco ao meio ambiente”, completa.

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Matéria publicada no site do jornal O Estado de São Paulo, em 23 de junho de 2010

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Uso de agrotóxicos é indiscriminado no País, diz Anvisa

LÍGIA FORMENTI – Agência Estado

Levantamento divulgado hoje pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em amostras de frutas e verduras à venda para o consumidor revela uso indiscriminado de agrotóxico no País. Das 3.130 amostras coletadas, 29% apresentaram problemas, que vão desde uso de defensivos não permitidos para a cultura ou sem registro no País até alto grau de resíduos de agrotóxicos no alimento. Pelo segundo ano consecutivo, o pimentão foi o produto com maior índice de irregularidades: 80% das amostras analisadas pela Anvisa foram consideradas insatisfatórias. Em seguida, estão a uva, pepino e morango.

“Os números preocupam bastante”, avaliou o presidente em exercício da Anvisa, Dirceu Barbano. “Agrotóxico é veneno, seu uso tem de ser feito com limite”, completou, ao apresentar o trabalho. A análise foi feita em 26 Estados. Dados de São Paulo não foram revelados, porque o Estado usa metodologia própria para a avaliação dos resultados. Para fazer estudo, técnicos pesquisaram a presença de 234 tipos de agrotóxicos em 20 culturas diferentes. Batata, banana, feijão e maçã foram as que apresentaram menor índice de irregularidades.

Uma das maiores preocupações da Anvisa está no alto grau de uso de produtos que estão sob reavaliação da agência por causa do alto risco à saúde. O trabalho revelou o emprego desses agrotóxicos em culturas para as quais não há autorização. No momento do registro, é definido em que culturas o agrotóxico pode ser aplicado. “O desrespeito dessa recomendação aumenta o risco do consumo de resíduos desses agrotóxicos, porque eles não são levados em conta no cálculo do impacto na ingestão diária do produto”, explicou o gerente de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles. O consumo de agrotóxicos em porcentuais acima do recomendado dificilmente são notados no dia-a-dia. “As doenças vêm a longo prazo. Somente em casos de contato com grande quantidade do produto é que surgem as intoxicações”, completou.

Outro problema apontado foi o aumento das amostras em que foi detectado o uso de produtos que não estão registrados no País. “Esse é o pior dos mundos. Não sabemos que substâncias estão nos produtos, em que quantidade. É o descontrole total”, resume Meirelles.

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Matéria publicada no site do jornal O Estado de São Paulo, em 09 de junho de 2010

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Campeão de agrotóxicos
– O Estado de S.Paulo

O Brasil adiciona mais um triste campeonato mundial à sua coleção. O País é o principal destino de agrotóxicos proscritos em diversos países. E o governo tem pleno conhecimento disso. A informação é proveniente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados da ONU e do Ministério do Desenvolvimento. O Brasil importou 1,84 mil toneladas de agrotóxicos em 2008, volume que aumentou 29%, para 2,37 mil toneladas, no ano passado e pode crescer com a safra de 2010. “Estamos consumindo o lixo que outras nações rejeitam”, disse Rosany Bochner, coordenadora do Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológica da Fiocruz.

Explicar por que produtores nacionais continuam a importar tais produtos em tal volume é complexo. Para se proibir no Brasil um fertilizante ou pesticida, o produto precisa passar por análises de diversos órgãos, que comprovam o dano que pode causar à saúde humana ou animal e seu impacto ambiental. E depois de registrado é extremamente difícil retirar o produto do mercado.

O problema é que nada impede que esses produtos, qualquer que seja a sua toxidade, possam entrar livremente no País, pagando, claro, as alíquotas alfandegárias previstas. Em vez de interditar, por prevenção, o ingresso de produtos potencialmente malignos, os órgãos do governo, só depois que eles estão no mercado, iniciam uma avaliação que pode levar anos para ser concluída, para então restringir o seu uso ou proibi-lo.

Estão em análise desde 2008 na Anvisa, por exemplo, 14 produtos tóxicos e até agora só saiu uma decisão – a de banir, a partir de 2011, a cihexatina, usada na citricultura. Até o ano que vem, o produto pode continuar a ser empregado, mas apenas no Estado São Paulo, o maior produtor de cítricos. Em colaboração com o Ibama e o Ministério da Agricultora, a Anvisa, com toda a pachorra burocrática, avalia os efeitos do acefato, do metamidofós e do endosulfan, todos eles condenados e proibidos no exterior. Há até um caso curioso – o do triclorfom -, cujo cancelamento foi pedido pela indústria que o produz.

Há certamente pressões sobre órgãos do governo. Alguns produtores alegam que o clima do Brasil propicia a proliferação de pragas na lavoura, o que justificaria o uso mais intenso de herbicidas e inseticidas. Talvez haja aí um grão de verdade, mas há produtos fitossanitários com efeitos neutros ou muito menos prejudiciais. E, como se sabe, uma das vantagem dos transgênicos é sua maior resistência a pragas.

Para esse abuso de produtos tóxicos na agricultura brasileira há ainda uma outra explicação. Como lembra Marcelo Firpo, pesquisador da Fiocruz, com o encolhimento do mercado internacional, as indústrias químicas do exterior passaram a estimular o aumento das vendas de produtos agrotóxicos ao Brasil, reduzindo preços. Assim, conclui, “pagamos um preço invisível, que é o aumento do custo na área de saúde”.

Razões culturais não podem deixar de ser mencionadas. O consumidor brasileiro se preocupa muito pouco com as condições de produção dos alimentos que lhe são oferecidos nas feiras livres ou nos supermercados, diferentemente do que ocorre no mundo desenvolvido. As principais preocupações do consumidor são com o preço dos alimentos e sua aparência, que pode ser enganosa.

Surgem, porém, sinais de que a situação começa a mudar. Como informou o Suplemento Agrícola do Estado (2/6), agricultores orgânicos de São Paulo e do Paraná conseguiram colocar seus produtos em supermercados, em gôndolas separadas. Já foi criada certificação de origem e qualidade, que é fornecida, depois de inspeção, pelo Instituto Biodinâmico (IBD), que congrega 113 agricultores. Já é alguma coisa, mas é preciso inverter a mão. A grande transformação no mercado ocorrerá quando, em vez de esses agricultores lutarem para oferecer seus produtos de forma perfeitamente identificável, o comércio de alimentos passar a demandá-los sempre em maior quantidade. Por pressão do consumidor.

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Matéria publicada no site do jornal O Estado de São Paulo, em 30 de maio de 2010

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Agrotóxicos são a 4ª causa de intoxicação
– O Estado de S.Paulo

Agrotóxicos ocupam o quarto lugar no ranking de intoxicações do País, atrás de medicamentos, acidentes com animais peçonhentos e produtos de limpeza (saneantes). Em 2007, foram registradas 6.260 casos provocados por agrotóxicos.

“As estatísticas identificam acidentes, intoxicações extremas. Não sabemos quantas pessoas adoecem pela exposição por meio do consumo de alimentos”, diz a coordenadora do Sistema Nacional de Informação Tóxico Farmacológicas da Fiocruz (Sinitox), Rosany Bochner.

Estudos em laboratório mostram o risco de algumas substâncias provocarem problemas hepáticos, doenças de pele, mais risco de câncer, problemas hormonais, neurológicos e reprodutivos.

“Temos de ser realistas, não podemos considerar agrotóxicos como veneno, eles têm importância para produção”, afirma o chefe do Laboratório Toxicológico da Escola Nacional de Saúde Pública, Sérgio Rabelo. Para ele, o problema não está no uso de todos os produtos, mas no emprego incorreto.

Uma análise feita desde 2001 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, batizada de Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), acompanha os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos consumidos pela população. Além do abuso de defensivos, a pesquisa revela o emprego de produtos proibidos para algumas culturas.

Dados da última avaliação, feita em 2008, revelam, por exemplo, que 64,36% das amostras de pimentão analisadas apresentavam uso de defensivos proibidos para a cultura – entre eles, endossultam e acefato, que estão sendo agora reavaliados.

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Matéria publicada no site do jornal O Estado, do Ceará, em 15 de junho de 2010

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Proposta de Lei para proibir agrotóxicos no Ceará

Foi protocolada na Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente), na última quarta-feira (9), proposta de Projeto de Lei que modifica a legislação estadual sobre agrotóxico.

A proposta, que já havia sido protocolada na Assembleia Legislativa no dia 20 de maio, pretende vedar o uso de substâncias proibidas em seus países de origem e que já tenham recomendação de banimento pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Assinam a proposta as seguintes entidades: Cáritas Brasileiras – Regional Ceará, Renap (Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares no Ceará), Atrace (Associação dos Advogados Trabalhistas do Ceará), Núcleo dos Advogados Trabalhistas e Sindicais (NATS), Viacampesina e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Segundo a assessoria de imprensa da Renap, a proposta não é inédita, pois o Rio Grande do Sul já veda tal utilização por força de Decreto (32.854/88).

Em adição, a proposta também veda a pulverização aérea, pivô de grande polêmica em Limoeiro do Norte, que revogou sua lei que vedava este tipo de pulverização.
Quando da apresentação na Assembleia, em 20 de maio, a deputada Raquel Marques comprometeu-se em dar encaminhamento em audiência pública sobre o assunto.

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Matéria publicada no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 23 de junho de 2010

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Relatório aponta para uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil

23 de junho de 2010

Agrotóxicos que apresentam alto risco para a saúde da população são utilizados, no Brasil, sem levar em consideração a existência ou não de autorização do Governo Federal para o uso em determinado alimento. É o que apontam os novos dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta quarta-feira (23), em Brasília (DF).

Em 15 das vinte culturas analisadas foram encontrados, de forma irregular, ingredientes ativos em processo de reavaliação toxicológica junto à Anvisa, devido aos efeitos negativos desses agrotóxicos para a saúde humana. “Encontramos agrotóxicos, que estamos reavaliando, em culturas para os quais não estão autorizados, o que aumenta o risco tanto para a saúde dos trabalhadores rurais como dos consumidores”, afirma o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano.

Nesta situação, chama a atenção a grande quantidade de amostras de pepino e pimentão contaminadas com endossulfan, de cebola e cenoura contaminados com acefato e pimentão, tomate, alface e cebola contaminados com metamidofós. Além de serem proibidas em vários países do mundo, essas três substâncias já começaram a ser reavaliadas pela Anvisa e tiveram indicação de banimento do Brasil.

De acordo com o diretor da Anvisa, “são ingredientes ativos com elevado grau de toxicidade aguda comprovada e que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer”. “Apesar de serem proibidos em vários locais do mundo, como União Européia e Estados Unidos, há pressões do setor agrícola para manter esses três produtos no Brasil, mesmo após serem retirados de forma voluntária em outros países”, pondera Barbano.

A Anvisa realiza a reavaliação toxicológica de ingredientes ativos de agrotóxicos sempre que existe algum alerta nacional ou internacional sobre o perigo dessas substâncias para a saúde humana.  Em 2008, a Agência colocou em reavaliação 14 ingredientes ativos de agrotóxicos, dentre eles o endossulfan, o acefato e o metamidofós.

Juntos, esses 14 ingredientes representam 1,4 % das 431 moléculas autorizadas para serem utilizadas como agrotóxicos no Brasil. Entretanto, uma séria de decisões judiciais, também em 2008, impediram, por quase um ano, a Anvisa de realizar a reavaliação desses ingredientes.

De lá pra cá, a Agência consegui concluir a reavaliação de apenas uma molécula: a cihexatina. O resultado da reavaliação prevê que essa substância seja retirada do mercado brasileiro até 2011. “Todos os citricultores que exportam suco de laranja já não utilizam mais a cihexatina, pois nenhum país importador, como Canadá, Estados Unidos, Japão e União Européia, aceita resíduos dessa substância nos alimentos”, diz o gerente de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles.

Para outras cinco substâncias, a Anvisa já publicou as Consulta Públicas e está na fase final da reavaliação. Nesses casos, houve quatro recomendações de banimento (acefato, metamidofós, endossulfan e triclorfom) e uma indicação de permanência do produto com severas restrições nas indicações de uso (fosmete).

Confira aqui a evolução das importações de agrotóxicos no país.

Balanço

Outra irregularidade apontada pela PARA foi a presença, em 2,7% das amostras dos alimentos coletadas, de resíduos de agrotóxicos acima dos permitidos. “Esses resíduos evidenciam a utilização de agrotóxicos em desacordo com as informações presentes no rótulo e bula do produto, ou seja, indicação do número de aplicações, quantidade de ingrediente ativo por hectare e intervalo de segurança”, explica Meirelles.

Tiveram amostras, ainda, que apresentaram as duas irregularidades: resíduos de agrotóxicos acima do permitido e ingredientes ativos não autorizados para aquela cultura. No balanço geral, das 3.130 amostras coletadas, 29% apresentaram algum tipo de irregularidade.

Os casos mais problemáticos foram os do pimentão (80% das amostras insatisfatórias), uva (56,4% das amostras insatisfatórias), pepino (54,8% das amostras insatisfatórias), e morango (50,8% das amostras insatisfatórias). Já a cultura que apresentou melhor resultado foi a da batata com irregularidades em apenas 1,2% das amostras analisadas.

Cuidados

Para reduzir o consumo de agrotóxico em alimentos, o consumidor deve optar por produtos com origem identificada. Essa identificação aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com adoção de boas práticas agrícolas.

É importante, ainda, que a população escolha alimentos da época ou produzidos por métodos de produção integrada (que a princípio recebem carga menor de agrotóxicos). Alimentos orgânicos também são uma boa opção, pois não utilizam produtos químicos para serem produzidos.

Os procedimentos de lavagem e retirada de cascas e folhas externas de verduras ajudam na redução dos resíduos de agrotóxicos presentes apenas nas superfícies dos alimentos. “Os supermercados também tem um papel fundamental nesse processo, no sentido de rastrear, identificar e só comprar produtos de fornecedores que efetivamente adotem boas práticas agrícolas na produção de alimentos”, afirma o gerente da Anvisa.

PARA

O objetivo do PARA, criado em 2001, é garantir a segurança alimentar do trabalhador brasileiro e a saúde do trabalhador rural. Em 2009, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da Anvisa monitorou 20 culturas em 26 estados do Brasil. Apenas Alagoas não participou do PARA em 2009.

O Programa funciona a partir de amostras coletadas pelas vigilâncias sanitárias dos estados e municípios em supermercados. No último ano, as amostras foram enviadas para análise aos seguintes laboratórios: Instituto Octávio Magalhães (IOM/FUNED/MG), Laboratório Central do Paraná (LACEN/PR) e para um laboratório contratado, nos quais foram investigadas até 234 diferentes agrotóxicos em cada uma das amostras.

Apesar das coletas realizadas pelo Programa não serem de caráter fiscal, o PARA tem contribuído para que os supermercados qualifiquem seus fornecedores e para os produtores rurais adotem integralmente as Boas Práticas Agrícolas. Prova disso, foi a criação do Grupo de Trabalho de Educação e Saúde sobre Agrotóxicos (GESA).

Integrado por diferentes órgãos e entidades, o Grupo tem como objetivo elaborar propostas e ações educativas para reduzir os impactos do uso de agrotóxicos na saúde da população, implementar ações e estratégias para incentivar os sistemas  de produção integrada e orgânicos e, no caso dos cultivos convencionais, orientar o uso racional de agrotóxicos. “Além de orientar, é preciso que o Estado fiscalize de forma efetiva o uso desses produtos no campo e coíba o uso indiscriminado e, até mesmo ilegal, de alguns agrotóxicos”, comenta Meirelles.

Os estados também têm realizado diversas ações com o objetivo de ampliar o número de amostras rastreadas até o produtor. Das amostras coletadas em 2009, 842 (26,9%) foram rastreadas até o produtor/associação de produtores, 163 (5,2%) até o embalador e 2032 (64,9%) até o distribuidor. Somente 93 (3%) amostras não tiveram qualquer rastreabilidade.

Confira a íntegra do relatório.

:: Veja aqui a entrevista

Resultados 2009

Produto Nº de amostras Analisadas NA > LMR >LMR e NA Total de Insatisfatórios
(1) (2) (3) (1+2+3)
% % % %
Abacaxi 145 41 28,3% 15 10,3% 8 5,5% 64 44,1%
Alface 138 52 37,7% 0 0,0% 1 0,7% 53 38,4%
Arroz 162 43 26,5% 0 0,0% 1 0,6% 44 27,2%
Banana 170 3 1,8% 3 1,8% 0 0,0% 6 3,5%
Batata 165 2 1,2% 0 0,0% 0 0,0% 2 1,2%
Beterraba 172 55 32,0% 0 0,0% 0 0,0% 55 32,0%
Cebola 160 26 16,3% 0 0,0% 0 0,0% 26 16,3%
Cenoura 165 41 24,8% 0 0,0% 0 0,0% 41 24,8%
Couve 129 42 32,6% 8 6,2% 7 5,4% 57 44,2%
Feijão 164 3 1,8% 2 1,2% 0 0,0% 5 3,0%
Laranja 146 14 9,6% 1 0,7% 0 0,0% 15 10,3%
Maçã 170 6 3,5% 3 1,8% 0 0,0% 9 5,3%
Mamão 170 36 21,2% 22 12,9% 8 4,7% 66 38,8%
Manga 160 12 7,5% 1 0,6% 0 0,0% 13 8,1%
Morango 128 49 38,3% 11 8,6% 5 3,9% 65 50,8%
Pepino 146 75 51,4% 3 2,1% 2 1,4% 80 54,8%
Pimentão 165 107 64,8% 5 3,0% 20 12,1% 132 80,0%
Repolho 166 34 20,5% 0 0,0% 0 0,0% 34 20,5%
Tomate 144 45 31,3% 0 0,0% 2 1,4% 47 32,6%
Uva 165 58 35,2% 14 8,5% 21 12,7% 93 56,4%
Total 3130 744 23,8% 88 2,8% 75 2,4% 908 29,0%

(1) NA = Não autorizado para a cultura; (2) > LMR = Acima do Limite Máximo de Resíduo; (3) >LMR e NA = Acima do LMR e Não autorizado para a cultura; (1+2+3) =  Somatório de todos os resultados insatisfatórios

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